quarta-feira, 19 de março de 2008

SCHWARTZENBERG, Roger-Gerard. Sociologia Política. p. 11-55.

SCHWARTZENBERG, Roger-Gerard. Sociologia Política. São Paulo: Difel, 1979, p. 11-55.
Estrutura: 1. História da Sociologia Política. 1.1. Antes do século XIX. 1.2. Desde o século XIX. 1.3. No século XX. 2. Sociologia Política Atual. 2.1. Teoria. 2.2. Crítica. 2.3. Ação. 2.4. Conhecimento.
Resumo:

Descreve-se a sociologia política como a mais velha das ciências sociais e paradoxalmente a mais nova. Explica-se: o assunto já era abordado desde Aristóteles, passando por Maquiavel e Montesquieu, com objeto, método e leis mais ou menos que definidos, no século XIX é absorvida pela recém-nascida sociologia para, mais tarde, ganhar uma certa autonomia em relação à esta, assunto que retomarei ao final.

A sociologia tem como fundadores Tocqueville, Marx e Comte. Basicamente buscava estudar os fenômenos sociais (e aqui também se inclui a sociologia política) utilizando-se de métodos das ciências naturais: fenômenos sociais como coisas dadas e observáveis, combinação de estatística e descrição monográfica, influência dos conceitos da biologia etc. O estudo focava-se mais no que era, e não o que deveria ser, sendo este último relegado à filosofia política. Pela forte influência cartesiana nas ciências naturais enfatizada pela obra O Discurso do Método, assumia-se que se devia primeiro acumular fatos para só depois, e muito cautelosamente, arriscar-se em teorias.

Muitas controvérsias se seguiram no decorrer da história até a sociologia atual. Foi-se criticado o excessivo apego à acumulação de fatos e cautela em se elaborar teorias. Foi-se taxada a sociologia política de conservadora, interessada ou inconscientemente conformada com o status quo, foi-se questionada a conveniência e a possibilidade de se manter como uma ciência neutra, ou interessada apenas em estudar o seu objeto como ela é sem se preocupar em melhorar a sociedade. Foi-se exigida uma sociologia política mais aplicada. Enfim, períodos engajados se sucederam a outros de desengajamento e desinteresse.

O ponto mais relevante que consigo extrair de todo esse contexto está na situação atual do conhecimento na sociologia política. Ela passou da unidade para a pluralidade e desta para a interdisciplinaridade. Sobre a interdisciplinaridade, diz o autor (p. 49-50) que “[...] de uns vinte anos para cá, muitas análises essenciais [...] foram [...] obra de pesquisadores alheios aos departamentos de ciência política”. Economistas, sociólogos e filósofos políticos. E continua mais a diante: “[...] tudo o que a ciência política foi buscar [...] a disciplinas vizinhas [...] põe o problema de sua autonomia e da sua especificidade [...] o que aumenta a dificuldade de se delimitar o seu campo exato”.

Finalizando o texto fala-se das duas concepções de sociologia política quanto ao seu objeto, uma mais estrita defendida principalmente por juristas e outra mais ampla e mais em voga: sociologia política como ciência o Estado (com E maiúsculo, podendo se estender a polis e a órgãos pré-estatais) e socióloga política como ciência do poder (qualquer poder, até dentro das empresas, seções, partidos, sindicatos e escolas).

Fico pensando se tal abordagem tão ampla seria interessante a um estudante de direito, preocupado tão somente com as delimitações entre o público e o privado. Mas como o assunto ciência política era estudado em locais como a França precipuamente por juristas e a área de conhecimento citada tendeu recentemente a uma abordagem interdisciplinar, não parece totalmente estranho que enveredemo-nos na área de sociologia.

Marcos Katsumi Kay

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